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Chip anti-seqüestro

Brasileiros e americanos serão
cobaias de implante que permite
localização por satélite

Giancarlo Lepiani

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O Brasil deve estrear em breve uma munição de altíssimo calibre tecnológico na guerra contra os seqüestradores. Feita de plástico, pouco maior que um grão de arroz e invisível aos bandidos, ela pode frustrar muitas das ações das quadrilhas de seqüestradores. A nova arma é um microchip abrigado numa pequena cápsula implantável. Um cirurgião insere o chip sob a pele da pessoa. A peça miniaturizada emite sinais ininterruptos que podem ser captados pela polícia e levá-la até onde está a vítima. O empresário Antônio de Cunha Lima, 46 anos, será o primeiro brasileiro a receber o implante. A convite dele, os americanos que criaram o aparelho desembarcam em São Paulo ainda neste mês para instalar a peça. Depois de um procedimento rápido – anestesia local, injeção e curativo –, Cunha Lima terá entrado para a história da tecnologia.

O equipamento chama-se VeriChip e foi projetado pela Applied Digital Solutions, a mesma empresa que criou um dispositivo batizado de Digital Angel, já à venda nos Estados Unidos. A principal diferença entre os dois é o formato. O último é instalado num relógio de pulso. O VeriChip, por sua vez, fica dentro do corpo, no ombro ou no antebraço. Equipado com um pequeno transmissor de sinal, o aparelho pode transmitir uma quantidade de informações suficiente para incluir uma ficha médica da pessoa. No caso do chip que se espera vender no Brasil, ele emitirá apenas um bip de localização por satélite, capaz de permitir a monitoração dos movimentos do usuário em tempo real. Esta será a versão trazida ao Brasil por Cunha Lima.

O empresário quer vender o aparelho como uma espécie de guarda-costas eletrônico. Um exemplo de seus benefícios: se dispusesse do chip, o publicitário Washington Olivetto poderia ter sido encontrado poucos minutos depois de capturado pelos bandidos. Os clientes potenciais não serão apenas empresários e políticos. O equipamento deve beneficiar até a classe média, também na mira dos seqüestradores. Cunha Lima acredita que poderá vender o chip por menos de 1.000 reais e ainda cobrar uma taxa mensal. "Tem tudo para ser um sucesso de vendas no Brasil", diz ele.

Nos Estados Unidos, onde seqüestro é um crime absolutamente incomum, o VeriChip vem sendo considerado um aparelho de auxílio aos médicos. Os testes aguardam uma autorização do FDA, órgão que regulamenta os alimentos e remédios vendidos no país. Com o sinal verde do governo, três americanos serão os pioneiros no uso do chip: o dentista Jeffrey Jacobs, sua mulher, Leslie, e o filho, Derek. Jeffrey teve câncer, e Derek é alérgico. Em caso de emergência, qualquer hospital poderá ter acesso instantâneo ao histórico médico estocado no chip usando equipamentos de leitura comuns nas equipes de paramédicos. A idéia de participar da experiência foi do garoto, um pequeno gênio da informática. Aos 12 anos, Derek tornou-se engenheiro de sistemas com certificado da Microsoft. Aos 13, abriu sua empresa. Agora, aos 14, quer virar um menino biônico. "Será uma revolução. Eu não poderia ficar de fora", diz, animado.